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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Just perfect!


Esta é a minha ideia de uma sexta-feira à noite perfeita. Eu no sofá a ver uma série que estou a adorar e o meu Kiko a dormir encostado a mim. Seria ainda melhor se o Gonçalito também estivesse aqui ao lado, mas não está longe. Está no quarto a ver uma série também 😄 E é isto. Tão simples e tão perfeito!

A idade não perdoa! 🤣

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Se eu pudesse...


Há um pensamento que tenho de forma recorrente e ultimamente ele tem aparecido ainda mais amiúde do que é costume: adoraria ter o poder de congelar momentos, para os poder espreitar (e reviver) sempre que me apetecesse. Como fazemos com as fotografias. Se eu pudesse, seria esse o meu super poder.

Eles estão a crescer demasiado rápido. Eu olho para o Gonçalo e já vejo um adolescente em ascensão. Aquela voz doce de criança já não existe. Ele continua a ser meiguinho, mas já não tem aquela espontaneidade que só as crianças têm. Ainda me diz, do nada, que gosta muito de mim, mas já não é tão frequente. E eu vejo isso tudo. Vejo e sinto. E assusta-me. Muito.

Do Francisco ainda tenho tudo isso... e é tão bom. 

O "bom dia, mamã", naquele tom melódico e doce que só as crianças sabem conferir às frases; os abraços apertados acompanhados de um "és a melhor mãe do mundo!"; aqueles bracinhos finos que me envolvem de uma forma tão única; a mão dele, pequena e frágil, que procura a minha na rua; as vezes em que ele me diz, quando se aninha a mim na cama, que gosta tanto de dormir comigo porque "é muito reconfortante", diz ele :); é tudo isto que quero congelar e guardar numa gavetinha especial.

Eu sei que eles crescem e tudo faz parte, e ainda bem que assim é (é muito bom sinal!), mas eu gosto de sentir que eles me veem como um porto de abrigo. Um porto seguro. E se é verdade que eu ainda sinto isso com os meus pais, sei bem como é na adolescência. Os pais perdem esse estatuto para os amigos, para os namorados (mais uma vez, sei que faz parte, mas bolas, lá por isso não tem de me ser indiferente!). 

Resumindo, acho que é esta antecipação que me está a custar e por isso é que tenho desejado mais ter este super poder. Na impossibilidade disto ser uma realidade, faço o que sempre fiz desde que o Gonçalo nasceu: tento captar ao máximo todos os pormenores de momentos que vivo com eles. Quantas vezes fico ali, só a observá-los, e a tentar reter cada detalhe. Desde o calor do abraço, à doçura de um beijo, à meiguice de uma frase ou até à aparente trivialidade de uma traquinice.

No fundo no fundo, o que eu tenho é medo. Porque hoje sei que (ainda) sou a pessoas mais importante da vida deles e, chamem-me possessiva, a ideia de perder este estatuo custa um bocadinho :)

quarta-feira, 15 de março de 2023

Ponto de situação de uma mãe com saudades

O rapaz foi-se embora só no domingo, mas as saudades começaram logo no dia em que o fui levar ao aeroporto. E, mesmo sabendo que, se Deus quiser, sábado que vem já lhe vou poder dar um abraço apertado e um beijo daqueles bem repenicados, elas mantêm-se em ritmo crescente.

A casa está num silêncio tal que até soa a estranho e... sei lá... é aquela coisa que disse no post anterior. Parece que me falta um bocado.

O Francisco está (ou será mais certo dizer "estava") a levar a situação bem melhor do que eu pensava. Até ontem, até andava todo contente por me ter só para ele e por ser dono e senhor da televisão e do sofá mas, hoje, a primeiríssima coisa que disse quando acordou foi: "Tenho saudades do mano!"

Quanto ao Gonçalo, anda super feliz (e isso, por si só, é motivo mais que suficiente para eu ficar feliz também). Logo na primeira videochamada que fizemos, disse-me, com a maior naturalidade, que estava a correr tudo bem e que estava a adorar. Que tinha acordado, vestiu-se, arrumou a roupa, fez a cama... 

Repito: arrumou a roupa e fez a cama! Disse ele como se fosse prática comum. O menino que tudo o que faz é à quinquagésima vez de eu mandar!

Ao que parece, segundo a mãe do menino para onde ele foi para casa, o Gonçalo é super bem educado e porta-se muito bem. Escusado será dizer que fiquei super orgulhosa e babada, mas tenho pouca esperança de que ele mantenha esta disciplina toda quando voltar. Da minha parte, juro que vou tentar fazer o que me compete nesta matéria mas, para já, o que eu quero mesmo é que ele regresse rápido!

segunda-feira, 13 de março de 2023

Falta-me um bocado!

O Gonçalo lá foi ontem, todo contente, para a sua aventura de Erasmus. Ia todo feliz e eu também estava feliz por ele mas, ao mesmo tempo, sentia um aperto no peito. Um desconforto generalizado.

Hoje foi a primeira manhã sem ele e só com o Francisco. Foi estranho. Sobrou-me tempo e, por paradoxal que possa parecer, isso atrapalhou-me. Parecia que estava desorientada. Eu sou super organizada e despachada e esta manhã parecia que estava meia totó, sem saber o que fazer.

Uma coisa é estar aquelas 3 noites sem eles, de 15 em 15 dias, quando eles estão com o pai, mas esta coisa que estar só com um, faz-me sentir que me falta um bocado de mim. Palavra. E tenho para mim que quanto mais o tempo passar menos me habituo. O que vale é que é só uma semana :)

Sei que é uma oportunidade incrível para ele e tenho a certeza que ele irá adorar, e irá sair de lá mais rico, e só por isso já vale a pena, mas isso não quer dizer que a ausência não custe, não é?

Aguenta coração! Dizem que ser mãe é isto mesmo, não é: cuidar e deixá-los voar!

quarta-feira, 8 de março de 2023

Sim, faz sentido comemorar o Dia Internacional das Mulheres


Foto: site https://culturaalternativa.com.br/

Hoje, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres. 

Todos sabemos que homens e mulheres são diferentes - e ainda bem que assim o é - mas argumentos fisiológicos não podem ser uma pedra na engrenagem para a evolução da sociedade, como muitos insistem em fazer (de um modo altamente demagógico).

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto persistirem diferenças salarias entre homens e mulheres para a mesma função.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto continuar a existir renitência em contratar mulheres para cargos de chefia, unicamente por motivos de género.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto a gravidez for considerada um "handicap" para o empregador.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto as desigualdades forem evidentes mas, ainda assim, surgirem vozes que se insurgem contra esta efeméride, sob o argumento de que "as mulheres não têm do que se queixar".

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto não se interiorizar que o feminismo é um movimento que luta, apenas e só, pela igualdade - um direito básico patente na Declaração dos Direitos Humano.

Este dia faz sentido se ser comemorado enquanto, em casa, o homem "ajudar" a mulher.

...

Um dia, espero que este DIA deixe de ser comemorado por não fazer sentido. Mas ainda não é hoje!


Feliz Dia Internacional das Mulheres!



segunda-feira, 6 de março de 2023

Malabarismos emocionais de uma mãe

No próximo fim-de-semana, o Gonçalo vai viajar com a escola. Vai ficar fora uma semana, no âmbito do programa de Erasmus, num país longe e em casa de uma família que eu não conheço.

Por um lado, estou muito feliz por ele. Acredito que vai ser uma experiência super enriquecedora e inesquecível. Por outro, estou aqui com o coração apertado, com medo de mil coisas (nem imaginam o quão criativa a minha mente consegue ser e os filmes que eu já fiz!).

Já falei com a mãe do menino que o vai receber, parece-me super querida, mas mesmo assim já sei que vai ser uma semana dura. Para mim e para o Francisco. A ausência do Gonçalo vai pesar de certeza. Mais uma vez, já sei que vou ficar triste por não o ter aqui, mas ao mesmo tempo de coração cheio por saber que ele está a criar memórias boas (pelo menos assim o espero).

Depois venho contar-vos como está a ser!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Ai, se fosse possível congelar o tempo...

Tanto o Gonçalo como o Francisco são muito docinhos. Também são reguilas, cada um com mau feitio à sua maneira, mas são muito meiguinhos. Não é invulgar abraçarem-se a mim e dizerem-me que gostam muito de mim, do nada. Só porque sim. E o que eu me derreto com estas coisas!!!
Ainda ontem, quando o Francisco acordou, a primeira coisa que me disse, ainda com um olho aberto e outro fechado, foi: "Gosto tanto, mas tanto de ti mamã!" 

O tom com que o disse, o abraço com que acompanhou as palavras... não há como descrever uma coisa assim!!!

Nestes momentos fecho os olhos, na esperança de que ao fazê-lo seja capaz de congelar um pouco o tempo. Tenho de aproveitar, porque sei que eles ficam menos "expressivos" com a idade. Digo isto porque apesar do Gonçalo continuar a ser muito meiguinho, ainda ontem estava mel puro, noto alguma diferença neste campo. Os 12 anos fazem-se sentir numa menor regularidade destes momentos. Sei que é normal, mas sei lá... acho que tenho receio que estes gestos fiquem cada vez menos frequentes e que um dia desapareçam de vez. Espero que não. Por via das dúvidas, vou tentar agarrar o sabor, a sensação e o cheiro destes momentos, para que fiquem bem gravados em mim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Considerações de um divórcio - parte II

Como vos disse aqui, acredito que mesmo que estejamos certos de que o divórcio é o único caminho a seguir, nunca é simples. Se a outra pessoa dificultar o processo, pior ainda.

Já partilhei também, e sem querer entrar em detalhes, que não passei uma fase nada fácil. Durante meses e meses senti-me perdida e por mais que me esforçasse não conseguia ver luz ao fundo do túnel. Dava por mim a desejar ter poderes mágicos para poder vislumbrar um dia qualquer do futuro que me mostrasse que as coisas iam ficar melhores. Só para serenar a alma. Sentia-me sempre em esforço. Fisicamente andava exausta e emocionalmente sentia-me no meu limite. A juntar a isto, sentia a (auto)pressão de que não podia, de forma alguma, adoecer ou ir-me abaixo, porque os meus filhos precisavam de mim.

Esta fase durou mais do que eu gostaria e, creio que sem saberem, os meus filhos, os meus pais, o meu irmão e os meus amigos, foram o meu pilar. Mas, mesmo assim, não chegava. 

Sou muito analítica em relação a mim e sabia que, apesar de tudo, não estava perante nenhum quadro clínico. Se sentisse isso, não hesitaria em recorrer a um especialista. Mas eu sabia que o que eu precisava era de (voltar) a sentir paz. Sabia também que essa paz tinha de ser eu a procurá-la em mim. Só não sabia bem como.

Foi então que, por acaso, a meditação chegou à minha vida e não podia ter vindo em melhor altura. Uma amiga enviou-me um dos desafios de 21 dias do Deepak Chopra, que na altura eu não fazia a mais pequena ideia de quem era, e eu pensei: Porque não? O que é que tenho a perder?

Isto foi há cerca de três anos e, desde então, nunca mais larguei a meditação. Fiz o desafio dos 21 dias (já não faço os exercícios pedidos para cada dia, mas volta que não volta, repito as meditações), descarreguei duas aplicações (a Insight Timer e a Let´s Meditate - devem existir centenas delas), li muito sobre o tema e rendi-me. Rendi-me, porque senti, efetivamente, que teve efeitos gigantescos na minha forma de estar e ver a vida.

Um parêntesis para dizer que sou católica e tenho mesmo muita fé em Deus e, a dada altura, questionei-me se a meditação não entraria em conflito com o catolicismo (dúvidas existenciais que me ocorrem de vez em quando!). Mas passou-me rápido. Como digo muitas vezes, a fé não se explica ou justifica. Sente-se. E a minha fé nunca esteve em causa. Nunca ficou abalada. Além disso, o "meu Deus", como costumo dizer a brincar, é bom, é pelo amor, não julga e só quer é que as pessoas sejam felizes, seja lá de que forma for. A regra é não fazerem mal a ninguém. 

Mas porque é que me rendi à meditação?

A resposta a isto dava para vários posts mas, para resumir, vou dar apenas três razões (e não me vou alongar em cada uma delas, porque acreditem que há muito para dizer em todas):

Em primeiro lugar, a meditação ensinou-me a controlar as minhas emoções e pensamentos. A dirigir o meu pensamento para o que me faz bem e a desviá-lo quando surgem pensamentos menos bons, que não levam a lado nenhum. 

Perguntam vocês: Mas agora nunca te passas da cabeça e estás sempre zen? Se o mundo desabar à tua volta, pões-te em posição de lótus, respiras e siga? 

A minha resposta é: Claro que não!!! Passo-me muitas vezes e continuo a não ter paciência nenhuma para gente parva. 

Sempre fui nervosa e impulsiva e continuo a ser, mas já estou muito, mas muuuuito melhor. Hoje em dia, consigo muito mais facilmente pôr de lado situações desagradáveis provocadas por terceiros e sobre as quais não posso fazer nada. Além disso, não me deixo afetar por coisas que sei que antes me deixariam a ferver por dentro. E fico tão feliz por isso!

Por outro lado, quando digo que a meditação me ensinou a controlar as minhas emoções e pensamentos, eu não quero dizer que quando acontece uma coisa má eu entro em negação ou finjo que não aconteceu nada. Nada disso. Encaro sempre de frente. Simplesmente se for algo que não está nas minhas mãos, que eu não controlo, dou-me um tempo para digerir as coisas e depois disso não fico a remoer e a alimentar sentimentos maus que não levam a lado nenhum.

Outra coisa que a meditação me ensinou, e eis a segunda razão, foi a aceitar as coisas como elas são e a a deixar ir. Aliás, este foi dos primeiros mantras que interiorizei: "aceita e deixa ir" (esta razão, implica a anterior). 

O que é que isto significa? Como referi agora mesmo, há muitas coisas menos boas que acontecem na nossa vida e que não estão nas nossas mãos (atenção que não estou a falar de situações de saúde, naturalmente). 

Normalmente, quando estas coisas acontecem, ficamos zangados, irritados, frustrados... Somos inundados por sentimentos negativos que só vão alimentar e dar mais força à situação, dificultando que a esqueçamos, que a ultrapassemos ou até que reajamos a ela.

É óbvio que se acontece uma coisa má, é muito difícil racionalizar e gerir emoções. Mas é importante tentar que estes sentimentos negativos não nos dominem, porque eles só prejudicam e não trazem rigorosamente nada de bom ou de positivo. Muito pelo contrário! 

Imaginem, quando não aceitamos algo que não podemos controlar, estamos a remar contra a maré e a única coisa que acontece quando se rema contra a maré, é que se perde a força. Só isso. No limite, afogamo-nos.

Por fim, o terceiro motivo: gratidão. Sempre agradeci a Deus pelo que tenho. Pelo que Ele me deu e dá todos os dias. E a meditação reforça muito esta parte. Quando agradecemos, cá do fundo, estamos a passar mensagens positivas ao cérebro, o que acaba por ter reflexos na forma como levamos a vida. E quanto mais treinarmos o cérebro, melhor. Além disso, energia positiva, atrai energia positiva.

Quando acontece algo menos bom, inicia-se um processo interno que demora o seu tempo a desenrolar-se e estou convencida que não vale a pena querer saltar etapas. Temos de respeitar os nossos timings. No meu caso, a meditação ajudou a tornar o processo mais leve. Repito: Não! Com a meditação não passei a ver o mundo cor de rosa, cheio de unicórnios e repleto de purpurinas, mas ela ajudou-me a levantar e a reorientar-me e é por isso que continuo a meditar. Porque sinto que a meditação dá leveza à vida.

Quis partilhar isto convosco porque quem sabe se esta "dica" não ajuda alguém como me ajudou a mim. Se isso acontecesse com uma pessoa que fosse, eu já ficava feliz :)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

É que não trocava por nada!

Ser mãe de dois rapazes é... como dizer... é garantia de carradas de pilhas de nervos, mas com muitas descargas de momentos cor-de-rosa. Isto porque eles num dia amam-se de paixão, mas no outro andam à batatada como doidos.

Mas o que é que eu estou para aqui a dizer? Não é um dia... é num minuto amam-se e no outro andam à luta como dois trogloditas. É mais isto!

Regra geral, o Francisco e o Gonçalo dão-se bem, mas também é comum terem aquelas discussões parvas e irritantes. Por sua vez, também é acontece amiúde o Gonçalo fazer de tudo para o provocar até à exaustão e o Francisco fazer a coisa pior do que realmente é choramingar sem parar, o que é extremamente irritante. Chegam a passar horas nisto e só me apetece fazer como a Dorothy, do Feiticeiro de Oz: bater os calcanhares um contra a outro e ir para outra freguesia. 

Pior que isto, mas até ver não acontece com frequência (espero que assim continue) é quando se começam a bater. Xiii que é tanta testosterona!! Não tenho paciência!

Mas depois têm o outro lado. O lado em que se adoram perdidamente, em que se protegem e se calha um deles ter alguma coisa, uma festa de aniversário ou uma atividade qualquer, e o outro ficar em casa, é notória a falta que sentem um do outro. Fisicamente transformam-se e até em termos energéticos isso se nota. Ficam mais murchinhos. É como se lhes faltasse um bocado.

Não sei como é ser mãe de meninas ou de casais, mas sei o que é ser mãe de dois meninos e, dentro da maluqueira que é muitas vezes, não escolheria outra realidade.

São chatos como o raio, mas como lhes digo muitas vezes, são os meus chatos preferidos!


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Considerações de um divórcio - parte 1


Cada um fala de si e sabe de si, mas estou convencida que um divórcio nunca é uma coisa fácil. Mesmo que ambos cheguem a um entendimento de que é melhor pôr um ponto final na relação, não deixa de ser um plano de vida que falhou e isso é sempre triste. A coisa complica quando o divórcio não é pacífico e, claro, quando há filhos na equação.
Pessoalmente, uma das coisas que mais me assustava e preocupava era o facto de deixar de estar com os meus filhos todos os dias. Apesar de não termos guarda partilhada e de eu estar com eles a maior parte do tempo, sabia que ia ser diferente. Fazia contas de cabeça e quando me lembrava que metade dos fins-de-semana do ano eles não iriam estar comigo, doía-me profundamente.

"Tu habituas-te e vais ver que até te vai saber bem quando eles estiverem com o pai."

Esta deve ter sido a frase que mais ouvi no início, mas custava-me a acreditar. 

Com o tempo, percebi que era verdade... em parte. 

Passaram seis anos e posso dizer que ainda estranho estar sem eles. O meu corpo e a minha mente assumem um certo desconforto quando eles não estão. 

Sabem quando temos a sensação de que alguma coisa nos incomoda mas não sabemos exatamente o quê? É mais ou menos isso.

Por outro lado, devo dizer que desde o início que me sabem bem aquelas três noites em que eles estão com o pai. Sentia (e ainda sinto) um misto de sentimentos.

O silêncio era ensurdecedor, a ausência pesava-me no peito, mas ao mesmo tempo sentia prazer em ter tempo para mim e adorava poder dormir uma noite seguida! Além disso, era (e continua a ser) nestas três noites que descanso e que me permito ter tempo para mim, sem culpas.

Quando me separei o Francisco tinha 2 anos e o Gonçalo 6. Eram ainda totalmente dependentes de mim para tudo e, por isso, foi duro. Não há uma forma eufemística de pôr as coisas. Quando chegava ao fim daqueles 11 dias seguidos de estar com eles, numa jornada contínua entre ser mãe e trabalhadora, sentia-me num estado de exaustão absoluto.

Faço um parêntesis para dizer que a mente é uma coisa estranhíssima e até diria engraçada, porque nestas alturas lembrava-me muitas vezes de quando tinha exames na faculdade. Imaginem!! De quando chegava ao último com aquela sensação de que se tivesse mais um exame eu não ia aguentar! (no fundo, sabia bem que aguentaria. Que remédio tinha eu!)

Seja como for, nunca me questionei se o divórcio foi mesmo o caminho a seguir. Quando a decisão foi tomada, as coisas foram mais do que ponderadas. Não foi de ânimo leve. Sabia que ia ser difícil, mas quando se tem a convicção de que não havia alternativa, arranjam-se forças, arregaçam-se as mangas, ergue-se a cabeça e segue-se em frente. E mesmo quando não se pode ir mais depressa, ou quando se cai, não tem mal, voltamo-nos a levantar e vamos mais devagar. Ao ritmo que podemos e sem pressas.

O ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível, mas ajudou-me ser uma pessoa positiva e otimista. Ajudou-me também a fé, a meditação e trabalhar no meu autoconhecimento. Mas isso fica para outro dia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A minha mãe bem que me avisou!

"Assim que nasce um filho, nunca mais consegues estar 100% descansada."
Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer esta frase várias vezes. Desta forma ou na variante "assim que nasce um filho, nascem os trabalhos".

Como é óbvio, na flor da minha juventude achava isto um exagero, mas bastou o Gonçalo nascer para perceber que a minha mãe sabia bem do que falava.

Quando eles nasceram tinha medo de tudo. Que deixassem de respirar, que ficassem doentes, que se engasgassem a comer, que caíssem na creche e se magoassem... de tudo!

Hoje, tendo um 8 e outro 12 anos, há medos e preocupações que se mantém e há um rol de outras tantas que apareceram. 

Eles crescerem e ganharem autonomia é ótimo. Olhar para eles e ver o quão crescidos estão é dos sentimentos mais gratificantes. Mas ao mesmo tempo isso significa que estão a caminhar para mais longe da minha saia...

Faz parte e é saudável. Eu sei disso e não queria que fosse de outra forma, mas essa racionalidade não impede momentos de ansiedade. Chega a ser esquizofrénico! 

No entanto, há uma circunstância em que a regra da minha mãe falha: quando eles vêm dormir comigo. 

Quando eles me pedem eu faço-me sempre de difícil - "ai e tal, vocês dão pontapés e depois eu não durmo nada", o que é verdade! - mas lá no fundo eu gosto. Além disso, se o Francisco ainda deverá querer usufruir deste mimo durante mais uns tempos, o Gonçalo já não. É por isso que de vez em quando cedo e me permito fazer uma pausa nesta inquietação maternal constante. 

Nesses momentos, quando estamos juntos, no silêncio e no aconchego da noite, o mundo e o tempo param. É difícil de descrever, mas invade-me uma sensação de plenitude e uma paz que não sinto, nem nunca senti em mais nenhuma circunstância. 

Se gostava de ser mais descontraída e menos paranoica (é que nem imaginam os filmes que às vezes faço)? Gostava, mas o que é que eu posso fazer?!
Podia ser pior... não podia?!

terça-feira, 21 de abril de 2020

Balanço do isolamento


Estas fotos são o resumo (mesmo muito resumido) do que tem sido este período de isolamento social. É que apesar de estarmos fechados, nunca como agora estive tão ocupada!

Fora os passeios higiênicos à volta do quarteirão e as idas ao supermercado, temos seguido à risca o recomendado pela DGS, mas não é por estarmos em casa que não temos com que nos entreter. Temos feito bolos, como a grande maioria dos portugueses, experiências da Science4You que tínhamos para aqui há imenso tempo, já jogámos uns 30 mil jogos de tabuleiro, brincamos às escondidas, jogamos às cartas... enfim, temos aproveitado o tempo o melhor que conseguimos, tendo em conta que eu estou em teletrabalho e que eles os dois têm atividades da escola para fazer e aulas online. E desde ontem, também a Telescola :)

Dito assim parece que tem sido pacífico, mas convenhamos! Só alguém muito ingénuo é que pensaria tal coisa!

Eles discutem imensas vezes (ainda há bocado parecia que se iam matar!), berram e batem-se como dois trogloditas, e eu às vezes passo-me e grito que nem uma histérica (tem dias em que sinto que me zanguei o tempo todo) e já houve outros dias em que me senti completamente derreada, como se tivesse sido atropelada.

O que sinto mais falta é da interação com pessoas adultas. Estando eu sozinha com eles, não lido com nenhum adulto. Falo com vários por telefone, sim, mas não é a mesma coisa. No entanto, tenho de confessar que há uma grande parte de mim que está a gostar de estar em casa com eles (esquecendo as circunstâncias, claro está). Cansa muito, é verdade, é dificílimo conciliar o trabalho, a escola deles e as tarefas domésticas, mas o facto de estar com eles mais tempo, poder lanchar com eles, almoçar com eles (sempre que está bom tempo almoçamos na varanda!), é um verdadeiro luxo! (e compreendam-me, digo isto pondo de parte o motivo que nos obriga a estar em casa, que é naturalmente dramático)

Em breve há-de voltar tudo à normalidade possível, se Deus quiser, e espero que isso aconteça o quanto antes (será muito bom sinal), mas tenho a certeza que vou ter saudades destes dias em que pude estar 24 sob 24 horas com os meus mais que tudo <3

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Teletrabalho e Tele-escola... e unicórnios!

E agora, segue um  beve resumo daquilo que têm sido os meus dias, enquanto TENTO trabalhar.


Francisco: O que é que diz este exercício, mãe?

Gonçalo: Mãe, não entendo o que é que pedem para fazer aqui.

F: Olha mãe! Fiz bem, não fiz?

G: Mããããããee! Isto não está a daaaaaar!!!!

F: E agora mãe, o que é que diz este?

G: Já fiz este trabalho. O que é que faço a seguir?

F: Consigo pintar muito bem, não consigo mãe?

G: Mããããããe, a Internet parou!!!

F: Achas que desenhei bem esta cara, mãe?

G: Podes vir corrigir o que fiz?

F: Podes ajudar-me a fazer isto?

G: Como é que se escreve (uma palavra qualquer)?

F. E este mãe? O que é que diz este?

G: Tenho uma dúvida! Podes vir ajudar-me?

(...)

E é isto o DIA TODO! Chego a demorar meia hora para conseguir ler dois parágrafos. DOIS PARÁGRAFOS! E não, não estou a exagerar. Estruturar um mail então, é uma odisseia! É que entre estas interrupções constantes, está o acompanhamento de atividades do Francisco, leitura de ditados ao Gonçalo, chamadas no Zoom, Teams e mais o caraças, gravações de vídeo de exercícios orais para enviar à professora...

Mas uma coisa é certa. Se sair desta quarentena sã, tudo o que vier a seguir será feito com uma perna às costas! :D

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Mais uma nova etapa



O primeiro dia de um novo ano letivo é sempre um marco importante. Se calhar mais para nós, pais, do que para eles :)

Hoje, foi o primeiro dia de aulas do Francisco, naquele que muito possivelmente será o último ano de pré-escolar.

É tão bom vê-los crescer. É tão mágico e comovente. É a beleza da vida a acontecer <3

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Quando o conhecimento tem como base a Disney

Estava com o Francisco a lavar os dentes quando ele pega na escova, olha para ela com atenção e depois pergunta-me:

"Mamã, a escova de dentes é feita de palha, madeira ou tijolo?"

(tão fofo!!)

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Summer (and extra love) time!



Dizer que adoro o verão é pouco e, desde que tenho filhos, o sentimento saiu reforçado.

Desde esse momento que o verão me dá muito mais do que sol, praia e mar. Ele dá-me a oportunidade de ser mãe a tempo inteiro, sem pressas, sem rotinas e sem agendas para cumprir. E ainda que isso me deixe maluca muitas vezes, sinto-me profundamente grata por poder estar com eles assim, neste registo.

É também desde esse momento que as férias de verão, talvez por antecederem um novo ano letivo, servem para eu constatar, de uma forma ainda mais vincada, como eles crescem rápido (e, nestas idades, a diferença de um ano para o outro pode ser abismal). Isto traz-me um misto de felicidade gigante e algum saudosismo.

Este ano o Gonçalo irá entrar no 4º ano e o Francisco será finalista do pré-escolar; o que faz com que cada um deles vá dar um passo de gigante à sua maneira.

Eles crescem mesmo muito rápido e por mais que eu tenha essa noção bem presente, no verão fico ainda com mais ânsias de aproveitar bem cada segundo que passo com eles. Aproveitar enquanto me dizem, como acontece com frequência, que sou a "melhor mãe do mundo", que sou "bonita", que gostam muito de mim, ou quando me dão abraços e beijos sem lhos pedir. E isto é tudo tão bom e compensa tanto as alturas em que me deixam maluca!! :D




segunda-feira, 22 de julho de 2019

Akuna quê?

Este fim-de-semana fomos ver o "Rei Leão" (nós e mais de metade dos portugueses, pelo que já percebi :) ).

Eles já tinham visto o filme e, portanto, a história e as músicas já lhes eram familiares.

Na parte do filme em que os personagens cantam a mítica canção "Akunamatata", não foram raras as pessoas que estavam no cinema que começaram a cantarolar também. O Francisco, que estava ao meu colo, também se juntou ao coro. E eu fartei-me de rir quando percebi que ele cantava, todo feliz, com uma versão muito própria (e original). Era mais ou menos assim: "AKUNABATATA, é tão fácil de dizer... AKUNABATATAAAA   AKUNABATATAAA!"🦁🥔

😂😂😂


Ora a minha vida, hein?


É cada vez mais habitual ir dar com os bolsos do Francisco cheios de paus e pedras.

Sim. Paus e pedras! E depois é logo às mãos cheias.

Há dias tinha estas pedras todas no bolso.

Eu bem lhe disse para ele brincar à vontade com estas coisas, mas que escusava de as trazer no bolso. Ao que ele me respondeu que as trazia porque queria brincar com elas em casa.

Coitado!!! Não lhe devem chegar as carradas de brinquedos que tem no quarto!!!

Enfim... se continua assim, começo a pensar seriamente em oferecer-lhe, no Natal, uma caixinha cheia de paus e pedras. Sempre sai mais barato! :P

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Não me devo ter feito entender!

Estava eu entre mãos com o jantar e a roupa, quando fui ver o que o Francisco estava a fazer. Fui dar com ele no quarto, com os brinquedos todos espalhados no chão. Até me ia dando uma coisinha! Respirei fundo e disse-lhe:

"Olha Francisco, acho ótimo que brinques com os teus brinquedos, mas quem vai arrumar isto és tu."

"Poquê, mamã?!"

"Ora, porque foste tu que desarrumaste! Além disso, tu já viste o que ainda tenho que fazer hoje? Estou a fazer o jantar, depois tenho de arrumar a cozinha e tenho aquela roupa na sala para dobrar..."

"Então... tens tanta coisa para "fazêi", que podes "arrumái" também isto."

Francisco, 4 anos e uma grande lata!

(E não, não arrumei. E hoje quando saí ficou tudo espalhado. E só eu sei, que sou obcecada com a arrumação, como isso me custou!!)

terça-feira, 18 de junho de 2019

Existindo ou não destino, só se vive uma vez!


A vida é engraçada e chega a ser irónica. O tempo vai passando e há pessoas que vêm, outras que vão, outras que se mantêm enraizadas em nós, outras que reaparecem... e esse mesmo tempo tem-me vindo a provar que em todas as situações há um motivo para ser exatamente assim. Fica quem tem de ficar, vai quem não faz falta e reaparece quem faz sentido naquele momento. Como se todos os encontros e desencontros tivessem uma razão de ser.

Mas, apesar destas contas parecerem tão matemáticas, não vos posso dizer que acredite no destino. Acredito, sim, que somos guiados, mas depois são as nossas escolhas, ou seja, nós, que definimos o nosso destino.

Há dias dei por mim a pensar nisso. "E se as minhas escolhas tivessem sido outras?"

Este fim-de-semana um amigo de há muitos anos, com quem já não estava há algum tempo mas com quem sempre mantive contacto, confessou-me, para minha total surpresa, que quando nos conhecemos (quase no tempo da monarquia!!!) ele tinha tido uma paixão assolapada por mim. Mostrei-lhe a minha admiração e ele perguntou-me se teria mudado alguma coisa se ele me tivesse dito.

Não soube responder. Tanto poderia mudar tudo, como poderia não mudar nada. Mas a pergunta deixou-me a pensar. Muito.

Assumindo que o destino não existe, e mesmo sem saber o que vem lá, termino como comecei: a vida é engraçada e irónica. E a grande lição é que há que aproveitá-la bem porque, sendo cliché ou não, é mesmo verdade quando se diz que só se vive uma vez!

Namaste <3 🙏

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