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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

CONSULTÓRIO PSICOLOGIA: Porque as mães erram e isso é um alívio

Foto: Pinterest
Há um momento nas nossas vidas que descobrimos que as nossas mães (e pais) não são perfeitas e não têm sempre razão.

Há um momento em que nos apercebemos que elas também falham e erram. 

E esse momento deve ser adiado? Precisamos de ser educados por super mães, super mulheres para crescermos felizes?

Falharei se não for sempre exemplar com o(s) meus filho(s)? O que acontece se ele perceber que eu também erro?

Eu digo-lhe: Será um alívio. Para a vida. Porque as pessoas, de carne e osso, vão errar, nalgum momento ou nalguns momentos da vida. E um filho é uma pessoa. Que errará.

Por isso é um alívio sermos pequenos, olharmos para uma mãe segura, tranquila, protectora, optimista e ponderada e vê-la errar. De seguida, observar que fica triste, frustrada, respira fundo e pede desculpa. Porque errou e errar faz parte de sermos gente. E que vida tão injusta e stressante seria uma vida em que nunca nos ensinaram a SABER errar. Claro que antes disso, termos mães que nos ensinam a tentar evitar os erros, a pensar como podemos agir correctamente, mas sabendo que, por vezes, não os conseguiremos evitar e é preciso enfrentá-los. E aí, vamos lembrar-nos que as nossas mães, mesmo esforçadas por não errar, por vezes erravam. Paravam, respiravam e olhavam-nos, tristes mas tranquilas, pedindo desculpa. E essa memória, agora, quando nós próprios erramos, é um alívio.

Rita Castanheira Alves


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CONSULTÓRIO: É normal as crianças mentirem?

(texto escrito pela psicóloga Cátia teixeira, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
O facto de perceberem que os seus filhos estão a mentir é algo que incomoda bastante os pais. A verdade é que todas as crianças mentem de vez em quando, e os pais nem sempre sabem como devem reagir a este comportamento. Será que devem ralhar? Será que devem exigir uma confissão? Será que não devem ligar?

Antes de pensar no que se deve fazer é preciso perceber o motivo da mentira.

Entre os 2-7 anos é típico que este comportamento surja, muitas vezes como forma da criança lidar com as suas frustrações ou com o facto de não conseguir ter determinada coisa que desejava. Imagine uma criança que chega à escola na 2ª feira e a professora pergunta o que fizeram no fim-de-semana, a criança passou o fim-de-semana em casa, mas ouve os seus colegas relatarem os passeios que fizeram… surge então a mentira dizendo que foi a um jardim muito bonito com os pais, sendo que esta mentira surge como forma de colmatar algo de que sentiu falta.

Por volta dos 2-4 anos, uma fase em que a criança está muito ligada ao seu imaginário, é comum que ela conte que fez coisas fantásticas e que conte histórias mirabolantes. Em certa medida, pode dizer-se que esta é uma fase que faz parte do processo natural e saudável do desenvolvimento infantil. E aqui podemos dizer que estas “mentiras” são perfeitamente normais. No entanto, por outro lado, este fantasiar também pode refletir angústias e necessidades, podendo a mentira ser um sinal de insegurança ou receio, que leva a criança a deturpar a realidade. A mentira pode ser usada como forma de defesa e proteção ou como forma de enganar os outros, acabando por ser uma forma de conquistar algo.

É comum a criança não conseguir explicar porque é que mentiu, sendo esta uma atitude normal, pois está relacionada com uma questão de segurança e confiança. Ainda assim, as crianças sentem que fizeram mal, sentem-se envergonhadas, culpadas e têm medo da reação dos pais, de os desiludir e, por isso mesmo, chegam a entrar numa situação de angústia e ansiedade, que pode levar ao aumento da mentira.

Existem vários motivos que podem levar uma criança a mentir.

1)      Testar limites, ver até onde pode ir e o que acontece se infringir uma regra. Nestes casos, pode ser entendido como um passo para a independência.

2)      Tentar deliberadamente esconder alguma coisa de errado que fez para evitar um castigo ou obter vantagem sobre outros (mais comum na idade escolar).

3)      Exagerar determinada situação (ou sobre alguém da família) para se gabar. Pode ser uma forma de melhorar a sua autoestima, para conquistar o carinho e a admiração dos outros.

4)      As crianças mais pequenas têm dificuldade em separar a fantasia da realidade e, por isso, pode acontecer recorrerem à imaginação e defenderem que determinado ato foi feito por um amigo imaginário, com tendência a exagerarem, negarem ou se deixarem levar pela imaginação.

5)      A criança também poderá mentir por imitação.

Tente, em primeiro lugar, perceber o motivo que leva a criança a mentir e enquadrar este comportamento na idade do seu filho.

Cátia Teixeira
Psicóloga Clínica

Oficina de Psicologia

quinta-feira, 27 de julho de 2017

CONSULTÓRIO: «Um por todos e todos por um» - Relação entre irmãos

(texto escrito Ana Oliveira, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia)
Foto: Pinterest
É um dos melhores presentes (senão mesmo o melhor!) que se pode dar a um filho.

É um gadget mega versátil, que não precisa de upgrade, pois nenhuma versão seguinte o vai o ultrapassar.

É um pack ilimitado de brincadeiras, interações, de gestão de emoções, de exploração de si mesmo e do mundo.

Os irmãos derretem-se no abraço um do outro e degladiam-se pela conquista de espaço, tempo e valorização.

Tudo acontece num minuto e tudo desaparece no seguinte.

Uma delícia louca de assistir e, em simultâneo, um caos que se procura orientar.

Fazem-se os primeiros ensaios de relação com os pares em casa, na «batalha» do dia-a-dia por um brinquedo, atenção, mimo, protagonismo… coisas de irmãos!

As interações que se desenvolvem no seio familiar refletem padrões transacionais que se repetem no tempo e são sequências que vão regulando os afetos, os comportamentos e aquilo que cada elemento pensa sobre si, sobre o outro e o seu papel.

Cada família vai desenvolvendo o seu modelo de relações e daí a minha paixão pelo trabalho com famílias e a sua complexidade.

É esta complexidade estimulante que Minuchin (1979) descreveu como «rede invisível de necessidades funcionais, que organiza o modo como os membros da família interagem», que vamos dando substracto para gerar os nossos filhos.

De entre os vários subsistemas que compõe a família (individual, conjugal, parental e fraternal), o subsistema fraternal, é aquele que é constituído pelos irmãos e que representa precisamente esse terreno fértil de experimentação de papéis sociais face ao mundo exterior à família (escola, trabalho,etc).

É neste subsistema que as crianças desenvolvem as suas capacidades com o grupo de iguais e desenvolvem capacidades de inter-ajuda, competição, solidariedade, resolução de conflitos, afirmação de convicções, argumentação, que desenvolvem o próprio saber brincar.

A interação entre irmãos é, pois, uma máquina poderosa de produção de memórias que gravam e acompanham uma vida.

A última frase carrega por si só o peso de uma interação que se quer saudável e mais igualitária, na qual os pais devem ter um papel fundamental de equilíbrio e regulação, evitando preferências e sobrevalorizações unidirecionais. Apela-se a um lado justo e imparcial mesmo tratando-se dos próprios filhos. Permitam que os seus filhos resolvam as suas próprias questões, arbitrando aqui e ali quando necessário.

Entretanto é “permitido” aos pais que tenham mais identificação com um dos filhos do que com o outro, por caraterísticas de personalidade mais próximas, afinidades com percurso desenvolvimental ou mesmo de semelhança de traços físicos. É permitido, mas sem alianças que criem nichos de uns contra os outros.

Os irmãos são compinchas que saem na rifa da vida e que se leva para sempre num sem fim de momentos: choros, risos, segredos, lutas, escaladas, mas que permitem ligações duradouras de pertença «Um por todos e todos por um».

Quem não tem esta ligação de sangue com um irmão, pode sempre consegui-lo nalguns felizes acasos que a vida nos proporciona e liga a certas pessoas que se tornam como irmãos e se grudam em nós para a Vida.

Ana Oliveira
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar/casal – Oficina de Psicologia

sexta-feira, 26 de maio de 2017

CONSULTÓRIO: Estou cansado de ser um pai irritado!

(texto escrito pela psicóloga Cátia teixeira, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
Dá por si a zangar-se frequentemente com o seu filho, a dar castigos, a gritar e, às vezes, a bater no seu filho, cheio de raiva? Sente-se sobrecarregado, cansado ou stressado, sem saber como gerir a sua irritação de forma diferente? Sente que é um pai horrível?

Não está sozinho! Muitos pais debatem-se com estes mesmos sentimentos!

Se está cansado de ser um pai irritado e sente-se com vontade de tentar uma abordagem mais calma, parabéns!

Fazer estas mudanças leva tempo. Se quer reagir com mais calma e tentar perceber o que está por detrás da sua raiva, já está no bom caminho para a controlar.

Experimente as seguintes estratégias da próxima vez que se sentir irritado com o seu filho:

·                    Respire fundo – mesmo que já esteja a meio de uma discussão com o seu filho, nunca é tarde para parar e respirar fundo ou retirar-se para se acalmar. Isto pode fazê-lo sentir que está a desistir, mas este é um passo importante para gerir a sua raiva.

·                    Descubra o seu “gatilho” – todos os pais têm diferentes “gatilhos” ou coisas que normalmente os levam a reagir com raiva. O que é que a si o “tira do sério”? É a reação do seu filho quando ele não faz o que lhe pede? Ou é uma determinada frase que ele diz como “Já vou!” ou “Não me podes obrigar!”?

·                    Oiça os seus pensamentos – isto é complicado, mas é um passo importante. Embora o seu sentimento possa parecer raiva, ajuda identificar qualquer pensamento ou sentimento escondido. Nas tais situações “gatilho”, os pais podem sentir-se sem esperança, assustados, sobrecarregados ou podem pensar “Eu não consigo lidar com isto”. Quais são os pensamentos que o dominam nesses momentos? Este entendimento ajudá-lo-á a perceber melhor as suas reações.

·                    Observe o seu corpo – como é que o seu corpo responde à raiva? Alguns dos sinais físicos mais comuns são ombros tensos, punhos cerrados, batimento cardíaco e respiração acelerados… Estar atento às mudanças no seu corpo pode ajudá-lo a gerir a sua raiva mais cedo e dar-lhe tempo para se acalmar.

·                    Reavalie a situação – quando se sentir calmo novamente, pode analisar a situação com maior clareza. Há algo que possa fazer diferente da próxima vez? Precisa pensar em diferentes soluções para esse tipo de situações? (peça ajuda ao seu filho ou ao/à seu/sua companheiro/a para encontrar soluções). Isto é um padrão de comportamento que necessita de ajuda de um profissional?

·                    Repita – como qualquer mudança, a parentalidade sem reações explosivas é um processo. Não vai acontecer da noite para o dia e não é realista esperar mudanças sem esforço. Vai encontrar vários momentos/oportunidade para praticar estes passos. As boas notícias são: quanto mais praticar mais fácil se tornará.

A raiva é uma emoção muito forte. Algumas respostas de raiva são padrões formados na infância, outras são reflexo de como a nossa família gere emoções. Não será um sinal de fraqueza se procurar ajuda durante este processo.

Cátia Teixeira, Psicóloga Clínica da Oficina de psicologia

segunda-feira, 10 de abril de 2017

CONSULTÓRIO: Como transformar o discurso negativo do seu filho

(texto escrito por Cátia Teixeira, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest (upsocl)

“Sou mesmo burro” ou “Que estúpido que sou!”, são frases que costuma ouvir da boca do seu filho? Então leia este artigo, vamos ajudar.

Quando estas autoafirmações saem da boca dos filhos, a reação imediata dos pais costuma ser “não és nada”, numa tentativa de dar aos filhos segurança ou convencê-los de que o que dizem está errado.

Infelizmente, nestas situações, as palavras do seu filho são muitas vezes congruentes com aquilo que ele sente. Ele não se sente “adorável” ou “maravilhoso”, como os pais lhe tentam sugerir, mas sim “burro”, “estúpido” ou a “pior pessoa do mundo”.

A verdade é que tentar mudar as palavras dele não vai fazê-lo sentir-se diferente. Por isso, tente agir antes desta forma:

- Empatize – ponha-se no lugar do seu filho e tente compreender o que ele deve estar a sentir. “Esse trabalho está a ser muito difícil?” ou “Parece-me que te sentes frustrado”. Se não souber o que dizer, tente algo como “Queres um abraço?” ou “Isso é difícil”.

- Seja curioso – Algumas crianças têm dificuldade em verbalizar os problemas. Quando explora a situação com o seu filho, ele pode conseguir compreender o que realmente o está a incomodar. “Eu pergunto-me porque será que esse trabalho te está a aborrecer tanto hoje”.

- Ajude a reformular o discurso – Ao ter percebido o problema, ajude o seu filho a reformular as suas palavras. Em vez de “Escrever é difícil para mim, eu sou mesmo burro”, o seu filho pode dizer “Eu estou a trabalhar muito na escrita” ou “Errar faz parte da aprendizagem” ou até “Sinto-me tão frustrado com isto”.

- Trabalhem em conjunto – Resista à tentação de dar uma solução para o problema ou fazer aquilo que para si é o correto. Trabalhem em equipa. Pergunte ao seu filho o que ele poderá fazer para superar a dificuldade que está a sentir, mas lembre-se que a solução nem sempre é rápida ou fácil. Por vezes a resposta é mesmo “Tenho que continuar a tentar”.

- Desafiem os pensamentos e sentimentos – Os pensamentos e sentimentos vão e vêm, não definem ninguém. O facto de o seu filho sentir algo não significa que seja verdade. Relembre o seu filho de outras situações em que ele superou dificuldades, ou melhor, peça ao seu filho que lhe diga situações em que conseguiu superar as dificuldades.

Lembre-se que nem sempre é fácil aceitar comentários positivos quando está num turbilhão de pensamentos negativos (pense lá se consigo também não costuma ser assim). É como se estivesse a tentar ouvir uma música agradável numa rádio mal sintonizada. Não iria conseguir ouvir em condições e ainda ficava irritado com isso. É preciso sintonizar novamente, ou sintonizar numa outra frequência. Por isso, é natural que haja resistência da parte do seu filho quando o tenta fazer.

Lembre-se também que, acima de tudo, você é um modelo para o seu filho. Que verbalizações usa quando se sente frustrado?

Cátia Teixeira
Psicóloga Clínica

segunda-feira, 20 de março de 2017

CONSULTÓRIO: Causas da Ansiedade Infantil

(artigo escrito pela Oficina de Psicologia)

São muitos os fatores que poderão contribuir para o desenvolvimento de um problema de ansiedade, que variam de criança para criança, de família para família.

A infografia seguinte demonstra algumas das causas das perturbações de ansiedade na infância, que poderão conjugar-se e ser complexas. Identificá-las poderá ajudar a prevenir o desenvolvimento de sintomas de ansiedade no seu filho, bem como contribuirá para a melhor compreensão de uma criança ou adolescente mais ansioso e adequar o seu modo de atuação.

Procurar ajuda profissional de um psicólogo será vantajoso, tanto no caso de pretender tratar precocemente sintomas de ansiedade com impacto negativo na vida do seu filho, como no caso de considerar que é um adulto muito ansioso e recear que isso possa estar a interferir na educação e desenvolvimento do seu filho.



Raquel Carvalho, Psicóloga Clínica da Equipa Mindkiddo – Oficina de Psicologia



quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

CONSULTÓRIO: Pais e mães que não conseguem dormir sozinhos

(texto escrito pela psicóloga clínica Natália Antunes, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
São algumas as vezes em que, quando recebemos crianças em consulta, compreendemos que elas não dormem sozinhas. Muitas dessas vezes, este desafio surge precisamente como o motivo que traz aqueles pais à terapia, mas outras vezes só o compreendemos quando, em terapia, e abordando as rotinas das crianças, elas nos dizem que dormem com os pais ou com um deles, sem que isto seja colocado como um problema de imediato.

Quando analisamos estas questões com os pais, rapidamente notamos alguma vergonha e até alguma culpabilidade por terem perpetuado esta rotina para além do tempo que é socialmente aceite.

Hoje queremos muito chegar a estes pais e demonstrar-lhes que estamos com eles neste desafio também!

Se está a ler este artigo é porque muito provavelmente não consegue dormir sozinho sem o seu filho ou a sua filha. Sente que é difícil conter-lhe o medo do escuro, o medo de ficar sozinho no seu quarto, o medo de ter pesadelos e acordar sozinho.

Mas já pensou como o medo que os seus pequenos sentem está também a contaminá-lo? Que o motivo que não os permitem dormir sozinhos é o mesmo que está na base do seu medo em deixá-los sozinhos no seu quarto?

Com crianças, este é um desafio simples de vencer, acredite! Quando lhe mostramos que o medo é cobarde, que ele foge a sete pés de cada vez que lhe mostramos que não temos medo dele, as crianças rapidamente põem em prática estas estratégias! Mais ainda, é muito simples demonstrar às crianças os benefícios de dormirem sozinhas: se dormem sozinhas têm um sono mais reparador e tranquilo e, logo, conseguem tornar-se mais crescidas, mais fortes!

Mas com os pais é mais difícil… Os pais caem muitas vezes na armadilha de que têm de proteger as crianças de tudo, mesmo que isso muitas vezes não as permita lidar com os medos, com as ansiedades e com os desafios que tantas vezes a vida lhes vai colocando!

Queridos pais, lembrem-se sempre: as crianças são muito mais competentes e corajosas do que nós imaginamos! Quando somos firmes e consistentes na nossa abordagem, elas seguem-na sem hesitar!

E como é que então pode começar a deixar os seus filhos a dormirem sozinhos? Primeiro que tudo, aceite que esse passo é fundamental para o seu crescimento e que como pais estão a dotá-los de competências fundamentais para se tornarem mais confiantes! Depois, ajude o seu filho a criar rotinas diárias relativas à hora de ir dormir (por exemplo, ir dormir logo depois dos 10 minutos em que os pais leem uma história), não prolongando excessivamente o momento do adormecer, podendo mesmo recorrer ao uso de objetos transitivos (peluche, cobertor, caça medos) para ajudar a criança a tranquilizar-se.

Mais importante que tudo, não encare a hora de dormir como um tormento, pois ele senti-lo-á como tal! Acreditamos, pois, que cada pai e cada mãe tem os recursos necessários para ajudar o seu filho a desenvolver-se no seu pleno, até na hora do dormir.

Vá, não tenha medo e arrisque em dormir sozinho, sem a companhia do seu filho ou da sua filha!

Natália Antunes
Psicóloga Clínica

Oficina de Psicologia

sábado, 3 de dezembro de 2016

CONSULTÓRIO: Menos açúcar na vida das crianças

(Texto escrito por Cátia Teixeira, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia)
Foto Pinterest
Recentemente, a “American Heart Association” publicou novas orientações que são, provavelmente, desanimadoras para as crianças que tanto gostam de doces, mas que são muito importantes para os pais. 

Nessas orientações pode ler-se que as crianças não devem consumir mais de 100 calorias por dia de açúcares processados, o que, basicamente, corresponde a menos de 1/3 daquilo que as crianças costumam consumir (embora os dados sejam referentes às crianças americanas, a realidade portuguesa não está assim tão distante). 

Para ficar com uma ideia, 100 calorias é o equivalente a um iogurte com aroma ou uma mãe cheia de pipocas de caramelo. A organização refere ainda que crianças com menos de 2 anos devem evitar o consumo destes açúcares por completo.

Estas novas orientações surgem também porque as pesquisas indicam que o açúcar tem propriedades que criam dependência, ou seja, ao se consumir açúcar e a obter prazer com o seu consumo, existem mecanismos que são acionados e reforçados e que fazem com que se passe a ter mais tendência para o consumo de açúcar. Isto é especialmente relevante para as crianças mais pequenas cujas papilas gustativas estão a ser modeladas pela comida que consomem, e muita da comida que consomem contêm elevados níveis de açúcar.

Já há muito que se sabe sobre as implicações que o consumo de açúcar tem na saúde, desde os aspetos relacionados com o excesso de peso, a diabetes, os problemas cardiovasculares… Em Portugal, 1 em cada 3 crianças apresenta excesso de peso, e os problemas que daí advêm surgem numa fase cada vez mais precoce. A verdade é que as crianças consomem cada vez mais açúcares, muitas vezes escondidos em alimentos que se pensam ser “inofensivos”.

Para além dos problemas de saúde física referidos, os estudos são indicadores de que o consumo de açúcar em excesso também contribui para o aumento das dificuldades de concentração nas crianças, uma maior irritabilidade e uma maior presença de sintomas de ansiedade e alterações de humor.

Perante estes dados e estas orientações, à parte de lhe sugerir que esteja atento ao tipo de alimentos que dá ao seu filho e que reduza (drasticamente) na quantidade de açúcar, deixo umas “pequenas grandes” sugestões:

- Não use doces como prémio pelo bom comportamento da criança;

- Mas também não dê guloseimas para eliminar birras e outros comportamentos desadequados (não só reforça o comportamento desadequado, como contribui para os problemas de saúde);

- Transforme o mimo cheio de açúcares processados em mimo cheio de abraços e afetos, este é o tipo de mimos que as crianças mais precisam e contribui para a sua saúde física e mental.


Cátia Teixeira, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia

terça-feira, 15 de novembro de 2016

CONSULTÓRIO: Já posso tomar banho sozinho?

(texto escrito por Mariana Santos Paiva, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
Entre fraldas e biberons; primeiras gargalhadas e dentes à vista; primeiros passos e palavras e diferentes alimentos e brincadeiras. Entre sestas e chuchas e interacções com o mundo.. eles vão crescendo!

É natural que as aquisições que eles vão fazendo provoquem em nós emoções distintas. Por um lado os receios que vamos tendo, por outro a satisfação em vê-los desenvolver-se. E é natural também que nos custe aceitar que eles já não precisam da nossa ajuda para realizar esta ou aquela tarefa- já o fazem de forma autónoma! Aqui é bastante importante ajustarmos a necessidade de protecção à exigência de forma a não os sufocarmos com demasiados cuidados e os deixarmos lidar com os desafios que vão surgindo.

Dentro da higiene pessoal existem vários hábitos e um deles é o banho. Começamos por limpar os nossos bebés com algodão quando acabam de nascer, seguindo-se uma breve passagem por água numa banheira mais reduzida e depois então o banho com direito a brincadeira na banheira normal. De início temos que ser nós a ajudar com o cabelo, o chuveiro... explicando como se faz. Mas rapidamente eles tentam mostrar-nos que já são capazes. Devemos então reforçar esses comportamentos, elogiando-os e incentivando-os a tentarem novamente para a próxima. Nesta lógica e com uma redução da nossa presença eles vão-se desembaraçando!

Quando já lavam as mãos sozinhos e já vão à casa-de-banho sem precisar de ajuda, à partida estarão prontos para experimentar também essa autonomia no banho!

Há então duas ideias que podemos reter em relação a este tema:

Ø  Garantirmos a segurança dos nossos filhos é essencial. Se não se sentirem cómodos confiantes não devemos deixá-los sozinhos por muito tempo. Há que ensiná-los a entrar e sair da banheira bem como a sentar-se.

Ø  É importante tornarmos os nossos filhos pessoas independentes, responsáveis e capazes de arriscar.

Mariana Santos Paiva
Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia

terça-feira, 18 de outubro de 2016

CONSULTÓRIO: Como transformar um “Não sou capaz” num “Eu consigo!”

(texto escrito por Cátia Teixeira, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia)


Foto: pinterest
“Tu consegues!”, “Não desistas!”, “Continua!”…

Quantos pais já não usaram estas palavras para incentivar os seus filhos, seja a dar os primeiros passos, a aprender a andar de bicicleta ou a fazer alguma tarefa escolar? As crianças confrontam-se com desafios todos os dias, uns maiores do que outros. A perseverança, capacidade para permanecer nas tarefas, mesmo perante a dificuldade, é importante para que se consiga ir superando os obstáculos que surgem ao longo da vida e para alcançar objetivos. Então o que fazer quando seu filho frustra facilmente? Quando a frase “Não sou capaz” é dita várias vezes aí por casa? Como ajudá-lo a tornar-se mais perseverante?

Embora a perseverança seja um traço característico do temperamento de cada um, a verdade é que também pode ser estimulada e por isso deixamos algumas orientações que o poderão ajudar a este nível.

Incentive o seu filho a ter sonhos – não queira determinar os sonhos do seu filho, é importante que seja a criança a escolher o seu caminho. Converse com o seu filho para saber o que ele pensa, quais os seus gostos, as suas capacidades e respeite a sua individualidade.

Estimule e elogie as ideias do seu filho – se o seu filho lhe traz uma ideia nova e a resposta que ouve é que é um disparate ou que ele nunca conseguirá fazer isso, vai transmitir-lhe a mensagem de que ele não é suficientemente bom. Utilize essas ideias para estimular a exploração e a descoberta de coisas novas.

Não proteja demais – é natural querer que o seu filho não sofra, mas se ele não se confrontar com dificuldades não aprenderá a lidar com as frustrações. Esteja por perto e ajude a lidar com as dificuldades, em vez de as evitar ou de resolvê-las pelo seu filho.

Explique a importância do compromisso e da dedicação no dia-a-dia contando-lhe histórias dos ídolos do seu filho, para mostrar que o sucesso exige dedicação e persistência.

Não faz mal errar – Evite frases do género “Como é que pudeste errar isto?” ou “Como é que não foste capaz de fazer isto?”, pois deste modo está a reforçar a ideia que o seu filho tem de que ele não é capaz e passa-lhe a mensagem de que ele tem de fazer sempre tudo bem. Errar é uma oportunidade de aprender e melhorar da próxima vez.

Valorize o esforço – é esforçando-se que o seu filho vai desenvolver capacidades. Se o seu filho não conseguiu alcançar sucesso nalguma atividade, valorize o seu esforço e explore com ele o que não correu tão bem e encoraje-o a tentar fazer melhor numa futura oportunidade.

Exija na medida certa – exigir demasiado do seu filho em algo que ele não é bom, por exemplo, num desporto, só o irá frustrar ainda mais. No entanto, não exigir nada também não incentiva a que tente melhorar. Exija na medida certa, passando a mensagem de que todos podemos errar e que com isso podemos melhorar.

Ofereça suporte emocional – se o seu filho quer desistir de algo, tente perceber porquê. Ele pode querer desistir porque não gosta de determinada tarefa e isso é aceitável, não tem de gostar de tudo, mas se ele quiser desistir de tudo o que começa, isso pode ser um sinal de insegurança e, neste caso, o seu filho precisa da sua ajuda para lidar com esta emoção. Explore com ele formas de superar esses medos, experimente com ele as atividades em casa antes de ter de o fazer perante outros, partilhe histórias de pessoas que passaram pelos mesmos receios. Insista que ele deverá tentar fazer a atividade durante mais algum tempo, mas diga-lhe que sabe que vai ser difícil para ele. Se a resistência persistir tente perceber o que se está a passar, caso a atividade seja fora de casa.

Ensine ao seu filho que ele não tem de fazer tudo de uma vez. Ajude-o a perceber que quando ele se sentir aborrecido, frustrado ou cansado, pode parar a tarefa durante um tempo e voltar a ela mais tarde.

Modele a perseverança – mostre ao seu filho o que costuma fazer para conseguir alcançar algum objetivo, fale-lhe sobre os seus sentimentos nessas situações, incluindo aquelas em que sente que são muito difíceis.

Consegue? :)

Cátia Teixeira
Psicóloga clínica

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CONSULTÓRIO: Entrada no Jardim de Infância: Desafios para Miúdos e Graúdos

Foto: Pinterest 
Todo o ciclo de desenvolvimento humano é repleto de desafios, de mudanças, de inícios, de reinícios e uns acabam por ser mais difíceis do que outros. Os inícios mais difíceis de sempre são geralmente os primeiros. E são difíceis por isso mesmo: por serem os primeiros, por serem novidade, por nos tirarem um pouco do controlo, da previsibilidade que tão securizante é para nós.

Falando em começos difíceis, um dos começos principais na vida de um/a pai/mãe e de uma criança é a entrada no Jardim de Infância. Trata-se de uma nova etapa que é um pouco ansiógena para os pais, que pela primeira vez vão ter de entregar o seu pequenino a um novo contexto, com novas pessoas, com todos os receios que isso representa: “será que ele fica bem?” “Será que vai gostar?” “Será que comeu bem?”

“Será que vão cuidar bem dele?”. São inseguranças perfeitamente normais, mas que por vezes não são muito fáceis de gerir. Por essa razão, deixo-lhe algumas sugestões para que a entrada no Jardim de Infância do seu filho seja mais harmoniosa e relaxada:

- A separação deve acontecer de uma forma gradual: é inato ao ser humano uma necessidade de se autonomizar, de se tornar mais independente à medida que vai crescendo. Se parar para pensar no quão dependente o seu filho era de si quando era ainda bebé, com o quão dependente é agora, com certeza se apercebe de que o seu pequeno é agora menos dependente do que naquela altura. É o desenvolvimento saudável a acontecer por si mesmo. Nesta fase de pré-entrada no jardim-de-infância deve estimular este mesmo processo. Procure dar-lhe espaço, ausentar-se por pequenos períodos deixando-o ao cuidado de outras figuras significativas, para que se vá habituando a sentir-se igualmente seguro na presença de outras pessoas, para além do pai e da mãe.

- Cada criança tem o seu tempo de adaptação: não existe um tempo específico para que a criança se adapte ao jardim-de-infância: umas crianças poderão demorar uma semana, outras poderão demorar um mês ou mais; umas mostrar-se-ão logo muito autónomas e independentes, outras poderão precisar de mais colinho para que sintam essa confiança. Cada criança tem o seu tempo e tudo o que é necessário é respeitar esse mesmo tempo, sem pressões.

- Os pais também precisam de tempo para se adaptarem: não menospreze a sua necessidade de se adaptar a esta nova fase da vida do seu filho. Também tem direito a esse tempo. Antes de preparar a adaptação da criança, é importante prepare a sua. Porque metade do sucesso da adaptação da criança está na capacidade de adaptação que os pais demonstrarem. É importante, para si e para a criança, que se prepare para esta mudança: quanto mais preparado/a estiver, mais segurança e confiança irá transmitir à criança, o que irá facilitar uma atitude positiva fase a este novo contexto que passará a fazer parte da vida do seu filho.

- Envolva a criança na preparação para a sua entrada no Jardim de Infância: procure falar sobre esta novidade com a criança de uma forma entusiasmada e divertida. Envolva o seu filho na preparação da mesma, na escolha da bata, da mochila, para que se sinta entusiasmado.

- Explique à criança o que vai acontecer: é importante que explique à criança tudo o que vai acontecer e assegure-lhe que no final do dia irá voltar para o ir buscar. Desta forma a criança sentirá controlo sobre a situação e saberá com o que pode contar. Transmite segurança.

- Atitude otimista: procure não demonstrar nervosismo, tristeza ou angústia na hora de deixar a criança com a educadora. Caso contrário, a criança irá sentir o seu estado emocional e ficará insegura.

- Prepare o necessário no dia anterior: é importante que o primeiro dia de jardim-de-infância comece da forma mais tranquila possível. Por essa razão, procure preparar tudo o que é necessário no dia anterior para que de manhã a criança e os pais possam começar o dia com tranquilidade e sem stress. Isto será securizante para a criança.

- Seja breve na despedida: na hora de deixar o seu pequenino com a educadora, evite despedidas muito longas. Desta forma não dará tempo a uma birra e torna tudo mais fácil, quer para a criança, quer para os pais. Procure demonstrar segurança e tranquilidade.

Lembre-se que esta é uma fase que tem tanto de desafiante como de maravilhosa. Porque o Jardim de Infância é mesmo isso: um jardim, onde cada pai e mãe colocam a sua mais preciosa flor para que ela possa florescer forte, saudável. De resto, é só ir fazendo o de sempre: regar com muito amor, dedicação e miminho. Os frutos? Continuará a colhê-los, dia a dia!

Sandra Azevedo, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia

Equipa Mindkiddo

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

CONSULTÓRIO: Saber errar é preciso

(texto escrito pela psicóloga Rita Castanheira Alves, da Psicólogo dos Miúdos)

Foto: Pinterest
Quantas vezes já errou? Quantas vezes lhe permitiram que errasse? E se eu lhe disser que aprender a errar, e estar consciente dessa possibilidade, é um assunto de toda a vida e mais além? Fazia ideia?

Grande parte das pessoas não sabe errar, não tenta, sequer, para não errar. E começa cedo, na escola. É valorizado o acerto, o fazer como é suposto. Há risos quando se erra; há o grito de um adulto que ensina e que se indigna: «Como é possível ainda não saberes?» É certo que, assim, o erro diminui, porque deixa de se responder, para não se errar. Porém, assim, também não se acerta e também não se aprende. 

Consequentemente, também não se conquista e não se aperfeiçoa. É essencial a promoção da tentativa e do erro, até ao acerto ou não, porque no meio das tentativas e até ao erro, desenvolvem-se sempre novas descobertas e competências: tolerância à frustração, criatividade, raciocínio lógico, reflexão, imaginação, perseverança, persistência e autoconfiança.

Depois, há os erros comuns de todos nós, que vivemos e nos relacionamos, e que são mais difíceis de evitar: gritar mais alto do que era suposto, dar uma resposta torta, tomar uma decisão inadequada, magoar muito alguém de quem se gosta… O erro inevitável, movido pela impulsividade, por um dia mais difícil ou por não nos sentirmos bem. Um erro que é injusto, mas que nos acontece a todos e é, também, para toda a vida e mais além. Saber errar. Saber que não erra quem não arrisca, mas que certamente errará quem arrisca gostar, quem arrisca relacionar-se e quem arrisca falar.

Neste assunto dos erros, é essencial lembrarmo-nos que somos história. Somos passado, presente e futuro e somos tudo aquilo que estes espaços temporais englobam: uma educação que nos influencia, as nossas experiências, as nossas feridas e as nossas mágoas. Temos entranhado em nós aquilo que nos «dói» e aquilo que teimamos evitar ou não admitir, mas nem sempre conseguimos, e aquilo que dói faz-nos errar, mesmo quando não queremos. É essencial trazer a possibilidade de errar para um nível consciente; estarmos alerta e lúcidos de que poderemos fazê-lo. O importante é sabermos errar. Sabermos o que fazer quando erramos, sabermos o que dizer e o que retirar quando os nossos filhos erram. Saber errar é chegar mais próximo do acerto e, pelo meio, descobrir muitas coisas que desconhecíamos.

Errar permite:

-                 Conhecer o que se fez mal;
-                 Alterar comportamentos;
-                 Experienciar emoções difíceis, lidando com elas;
-                 Pedir desculpa;
-                 Reflectir sobre o que correu mal;
-                 Ensinar aos mais novos as noções de «certo» e «errado».

Regras a não esquecer:

 -               O esforço e a persistência devem ser sempre valorizados, mesmo quando se erra;
-                 Os adultos devem ser exemplo, procurando dar o seu melhor, mesmo correndo o risco de errar;
-                 É importante lembrar os mais novos de que o erro deve ser evitado. No entanto, é fulcral reforçar a ideia de que, depois do erro, temos sempre a oportunidade de corrigi-lo, não voltar a errar e tentar fazer melhor;
-                 Quando o adulto erra, ao ser injusto com o filho ou outro elemento da família, deve sempre pedir desculpa e tentar corrigir o seu comportamento;
-                 Perante um erro da criança ou do jovem, é essencial ajudá-lo a perceber como poderá corrigir ou melhorar da próxima vez.


Rita Castanheira Alves

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